Rejeitada pelo meu grande amor

Faz algum tempo que queria escrever este texto, mas estava muito difícil pensar sobre isso. Vou contar sobre os dias em que Sofia me rejeitou e eu fiquei arrasada.

Não tem nada pior do que rejeição e indiferença. E é ainda pior quando vem do amor da nossa vida. Ok, preciso contar essa história.

Há uns 2 ou 3 meses atrás comecei a retomar antigos projetos, aumentei meu tempo de estudo e outros tantos investimentos voltados para mim mesma. Com isso, precisei deixar de buscar a Sofi na creche durante 1 ou 2 semanas. E acho que em outros momentos também reduzi minha atenção à ela. O resultado veio rápido e intenso.

Minha guriazinha passou a me rejeitar pesadamente. De uma hora para outra não queria que eu a colocasse para dormir, nem desse o banho, a comida ou brincasse com ela. Passou a querer só o papai. No início pensei: então começamos a historinha do Édipo. Não estava esperando tão cedo, mas é isso aí … uma menina começa a voltar seu interesse para o papai, rivalizar com a mamãe e blá, blá, blá.

O que posso fazer neste momento? Agir como mãe e sofrer. Foi isso que eu fiz. Sofri pra caramba. E fiquei cada vez mais distante e deprimida. Conversei muito com meu marido e resolvemos que eu retornaria à buscá-la na creche sozinha sem a presença dele para fortalecermos nosso vínculo. Como costumamos fazer o trajeto até em casa caminhando, esse seria o nosso momento. Assim fizemos, mas assim que chegávamos em casa e ela o via me dispensava imediatamente. E eu, deprimida, não conseguia fazer ações positivas para o nosso relacionamento.

No meio disso meu marido tinha uma agenda de uma semana de trabalho em outra cidade o que me deixou ainda mais assustada. Meu pensamento foi que Sofia sofreria com isso e me rejeitaria ainda mais. Mas foi aí que as coisas mudaram. No primeiro dia Sofia ficou triste porque o papai não estava em casa e buscou acolhimento comigo. A partir do segundo dia ela estava brava com o papai e o ignorava nas chamadas pelo Skype buscando ainda mais acolhimento comigo. Depois destes primeiros dias me dei conta de quantas rotinas e momentos eu e ela deixamos de ter juntas em função do meu distanciamento e desatenção com ela.

Na verdade eu à rejeitei por algumas semanas e ela me respondeu com este comportamento. Só percebi isso quando ela fez o mesmo com meu marido. Claro que posso e devo investir em mim e buscar a minha individualidade, mas preciso prepará-la para mudanças tão bruscas, pois as respostas são imediatas e doloridas.

Como seu comportamento foi um reflexo do meu entendi que eu precisa mudar algumas coisas, a fim de impactar no comportamento dela.

Não deixei de investir em mim, nem mudei meus planos de retomar meus antigos projetos, mas me reorganizei para ter mais qualidade de tempo quando estou com ela. Depois disso Sofia voltou a se aproximar tanto de mim como do meu marido.

E, embora saiba que tenho uma menina louca pelo papai sei também que tenho um lindo relacionamento com minha filha.

As vezes essa história de ser psicóloga e mãe me atrapalha e confundi. No exercício de ser mãe talvez caiba mais intuição do que teoria. O que a teoria me ajuda está num espaço dentro do tópico intuição que é por si só um compêndio prático completo.

Observação: Lembrando minha amiga Lígia.

Ah Édipo,  passa amanhã!

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